November 7, 2024

Black Friday na era dos dados: como as empresas ganham dinheiro além da venda

Quando pensamos na Black Friday, imaginamos longas filas, lojas lotadas e pessoas correndo para conseguir as melhores ofertas. Mas hoje a Black Friday se transformou em um evento on-line de vários dias, em que ofertas surgem por semanas. Durante a Black Friday, o consumidor médio, sem saber, compartilha mais de 300 pontos de dados com empresas de tecnologia, desde hábitos de navegação até preferências de compra. Enquanto nós, consumidores, desfrutamos da emoção de procurar ofertas, há outro jogo sendo jogado em segundo plano — um que é ainda mais lucrativo para empresas de tecnologia do que vender produtos. É o jogo da coleta de dados.

O lado secreto da Black Friday: coleta de dados

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O apelo da Black Friday sempre foi conseguir aquele acordo. Mas enquanto você está ocupado fazendo compras, as empresas de tecnologia estão coletando um tesouro de dados. Não se trata apenas do que você compra; trata-se de seus hábitos, preferências e comportamentos em um grau que é quase assustador. A coleta de dados da Black Friday é um evento altamente orquestrado que fornece informações valiosas sobre o consumidor.

Os dados coletados vão muito além do seu histórico de compras. Inclui padrões de navegação, cliques, carrinhos abandonados, tempo gasto em determinadas páginas e até mesmo como você responde a ofertas pop-up ou anúncios direcionados. Essas informações alimentam um vasto ecossistema onde armazenamento em nuvem e o processamento é fundamental. Os dados não ficam lá, eles são analisados, categorizados e usados para prever seu próximo movimento. E é aí que está o valor real para as empresas de tecnologia.

As empresas coletam e armazenam dados de consumidores para refinar seu marketing e obter uma vantagem. Os insights desses dados mostram como apertar os botões certos — quando oferecer uma oferta por tempo limitado ou como escrever um e-mail para obter o máximo de cliques. Assim, toda a experiência de compra se torna uma dança cuidadosamente coreografada para você chegar à página de checkout. E tudo isso é alimentado pela infraestrutura digital de personalização baseada em nuvem e IA.

Como o armazenamento em nuvem alimenta a mina de ouro dos dados

Nuvem o armazenamento está no centro desses dados máquina. Ele permite que as empresas armazenem grandes quantidades de dados de consumidores e, mais importante ainda, acessem e processem esses dados em tempo real. Isso é especialmente importante durante eventos de compras como a Black Friday, quando os dados chegam rapidamente e precisam ser processados ainda mais rapidamente.

Os sistemas baseados em nuvem podem ser ampliados para lidar com o fluxo de dados durante os horários de pico, para que nenhum dado seja perdido. As empresas podem então usar esses dados para criar uma experiência de compra mais personalizada — pense em ofertas personalizadas por e-mail, recomendações personalizadas de produtos ou até mesmo anúncios direcionados que seguem você pela Internet. Tudo é alimentado por IA baseada em nuvem, que processa os dados para prever o que você comprará em seguida e a que preço você fará a compra.

Para contextualizar isso, há milhões de transações acontecendo a cada minuto na Black Friday. Cada uma dessas transações gera pontos de dados: a hora em que a compra foi feita, quais itens foram visualizados, mas não comprados, e como o cliente navegou no site. Todos esses dados precisam ser processados em tempo real para que as empresas possam se ajustar rapidamente e oferecer vendas instantâneas ou recomendações com base nas tendências atuais. Sem tecnologia de nuvem, lidar com esse volume de dados seria impossível. A coleta de dados de armazenamento em nuvem permite insights em tempo real para potencializar ofertas personalizadas mais eficazes.

IA em personalização e marketing direcionado

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A IA é o mecanismo que transforma dados em insights. Ele usa algoritmos de aprendizado de máquina para entender seus hábitos e comportamentos, para que as empresas possam criar anúncios supersegmentados e experiências de compra personalizadas. Quando você vê um anúncio de um produto que acabou de ver ou recebe um código de desconto para um item que abandonou no carrinho, isso é inteligência artificial em ação. A personalização da IA é uma grande parte de como as empresas de tecnologia ganham dinheiro na Black Friday.

Os sistemas de IA são projetados para aprender com cada interação. Quanto mais dados eles coletam, melhor eles conseguem prever o que você quer e precisa. Durante a Black Friday, as apostas são ainda maiores. Com tantos varejistas disputando sua atenção, as empresas precisam usar todas as ferramentas em seu arsenal para tornar seus anúncios os mais atraentes. Isso significa usar a IA para analisar quais negócios serão atraentes para você com base em seu comportamento anterior, hábitos de navegação atuais e até tendências entre pessoas com interesses semelhantes.

Por exemplo, se você costuma pesquisar equipamentos de ginástica, a IA pode prever que um desconto por tempo limitado em uma nova esteira chamará sua atenção. Os algoritmos funcionam 24 horas por dia, 7 dias por semana, para determinar quais mensagens gerarão conversões, então cada banner, pop-up e e-mail é projetado para empurrar você ainda mais para baixo no funil de vendas. Essa personalização tem mais a ver com criar uma experiência de compra que pareça quase impossível de resistir do que com sua conveniência.

Mas, embora essa personalização torne as compras mais convenientes, ela levanta uma grande questão: a conveniência vale a pena ser trocada pela privacidade?

O desconto vale a pena?

Para muitos consumidores, anúncios personalizados e ofertas direcionadas parecem uma troca justa por descontos e conveniência. Afinal, se você vai ver anúncios de qualquer maneira, por que não ver aqueles que são relevantes? Mas há um lado mais sombrio nessa equação. Quanto mais dados as empresas coletam, mais elas sabem sobre você — não apenas como consumidor, mas como pessoa. As preocupações com a privacidade de dados durante os eventos de compras da Black Friday são reais e muitas vezes ignoradas.

A coleta de dados não se limita à atividade on-line. Está em aplicativos móveis, dispositivos inteligentes e até mesmo nas redes Wi-Fi da loja que podem rastrear seus movimentos e comportamento enquanto você faz compras. Esse nível de vigilância geralmente é feito sem seu consentimento explícito, e os dados podem ser compartilhados ou vendidos a terceiros. Embora o benefício de curto prazo possa ser um preço mais baixo em um novo gadget, o custo de longo prazo pode ser a perda de privacidade e autonomia.

Imagine entrar em uma loja e ser recebido por um vendedor que sabe seu nome, o que você comprou no passado e o que lhe interessará hoje. Isso é essencialmente o que as empresas estão fazendo on-line: elas criam perfis detalhados que permitem que elas conheçam você quase tão bem quanto um amigo próximo. Quanto mais eles souberem, mais fácil será manipular suas decisões de compra. É esse mesmo conhecimento que transforma pontos de dados aparentemente inofensivos em poderosas ferramentas de persuasão.

E os dados que as empresas coletam nem sempre são seguros. Violações de dados de alto perfil expuseram as informações pessoais de milhões de consumidores. Quando seus dados são violados, não se trata apenas de perder o acesso ao seu e-mail ou conta bancária, mas também de ter suas preferências pessoais, hábitos e até mesmo sua identidade explorados pelos cibercriminosos. Infelizmente, as violações de dados da Black Friday são comuns e destacam o custo de negociar a privacidade por conveniência.

As implicações vão ainda mais longe. As violações de dados também podem levar à perda de confiança nas empresas, prejudicando a reputação e a confiança do consumidor. Depois que suas informações pessoais são divulgadas, é quase impossível recuperar o controle sobre onde esses dados vão parar. Isso cria um ambiente em que a conveniência tem um custo enorme, não apenas para sua carteira, mas para sua sensação geral de segurança.

Armazenamento em nuvem e meio ambiente

Além da privacidade, há outro aspecto do processamento de dados baseado na nuvem que geralmente é esquecido: o impacto ambiental. As empresas de tecnologia usam grandes centros de dados para armazenar e processar informações, que consomem grandes quantidades de eletricidade e água para manter os servidores resfriados. O pegada de carbono do armazenamento de dados é grande e, à medida que as empresas coletam mais dados, cresce a necessidade de mais data centers. As preocupações ambientais com o armazenamento em nuvem estão se tornando mais urgentes.

Os data centers usam 2% da eletricidade mundial, e esse número está crescendo anualmente. A Big Tech gosta de divulgar seus esforços para mudar para energia renovável e compensar sua pegada de carbono. Ainda assim, a realidade é que a demanda por armazenamento em nuvem está crescendo mais rápido do que a taxa de melhorias na sustentabilidade. A energia usada para processamento de dados durante eventos como a Black Friday, quando os fluxos de dados são mais altos, aumenta a pressão sobre o meio ambiente. Portanto, embora a personalização na nuvem possa parecer inofensiva, há um custo oculto para o planeta.

Pense no impacto desses enormes data centers. Eles exigem grandes quantidades de energia e grandes quantidades de água para resfriamento, o que pode sobrecarregar os recursos locais em áreas com escassez de água. As empresas de tecnologia gostam de ignorar o custo ambiental de armazenar e processar dados e se concentrar na conveniência e eficiência que sua tecnologia traz aos consumidores.

O desafio é equilibrar a demanda por personalização baseada em dados com práticas sustentáveis. Embora o armazenamento em nuvem tenha nos permitido oferecer experiências de compra personalizadas em grande escala, o custo ambiental oculto é um custo que todos pagamos. É uma parte importante da economia digital que precisamos abordar se quisermos ter um futuro sustentável.

Quem se beneficia: os gigantes da tecnologia ou os consumidores?

À primeira vista, pode parecer que os consumidores estão fazendo um ótimo negócio durante a Black Friday, mas os maiores vencedores geralmente são as empresas de tecnologia que facilitam essas vendas. Empresas como Amazon, Google e Facebook não ganham dinheiro apenas com a venda de produtos ou espaço publicitário — elas ganham dinheiro com os dados que impulsionam cada clique, visualização e compra.

Com a IA baseada em nuvem, eles podem refinar continuamente seus algoritmos, tornando seus anúncios mais eficazes e seus dados ainda mais valiosos. Isso cria um monopólio de dados em que algumas grandes empresas controlam a maioria dos dados do consumidor e têm uma vantagem sobre concorrentes menores que não têm acesso aos mesmos recursos de nuvem e recursos de análise de dados.

Eles usam sua vantagem de dados para dominar os mercados, dificultando a concorrência entre empresas menores. Quanto mais dados eles coletam, melhor eles conseguem prever o comportamento do consumidor, o que, por sua vez, atrai mais publicidade e consolida sua posição no mercado. Isso cria um ciclo de feedback em que os dados geram lucro, lucro, mais coleta de dados e os consumidores têm menos opções e menos controle sobre seus dados. Os gigantes da tecnologia lucram com a Black Friday não apenas por meio das vendas, mas por meio da enorme coleta de dados que acompanha esses eventos.

O que você pode fazer?

Nem tudo é desgraça e melancolia. Os consumidores têm opções. Aqui estão algumas maneiras de retomar o controle de seus dados nesta Black Friday:

  1. Limite o compartilhamento de dados: Tenha cuidado com quais aplicativos e serviços você conecta às suas contas de mídia social. Sempre verifique as configurações de privacidade e limite o compartilhamento de dados sempre que possível.
  2. Use ferramentas de privacidade: Extensões e ferramentas do navegador, como bloqueadores de anúncios ou mecanismos de pesquisa com foco na privacidade, podem ajudar a reduzir a quantidade de dados que as empresas coletam sobre você.
  3. Compre de forma anônima ou finalize a compra como convidado: Se você estiver comprando on-line, use o modo de navegação anônima ou o checkout como convidado para impedir que as empresas rastreiem seu histórico de compras.
  4. Desativar o rastreamento de dados: Muitas empresas oferecem opções para desativar o rastreamento de dados e a publicidade direcionada. Isso não interromperá a coleta de dados, mas reduzirá a quantidade de dados pessoais usados para marketing.
  5. Apoie empresas que valorizam a privacidade: Algumas empresas adotam uma abordagem que prioriza a privacidade na coleta de dados. Apoie empresas que sejam transparentes sobre suas práticas de dados e isso incentivará um melhor comportamento em todo o setor.
  6. Eduque-se: Quanto mais você souber sobre como seus dados são coletados e usados, melhor você poderá tomar decisões informadas. Existem muitos recursos e organizações on-line que educam os consumidores sobre privacidade e segurança de dados.

O verdadeiro custo de um bom negócio

À medida que a Black Friday se aproxima, vale a pena considerar os custos ocultos por trás desses descontos brilhantes. Embora a tentação de economizar alguns dólares seja forte, a compensação por seus dados pode ser maior do que você esperava. Na era dos dados, as empresas de tecnologia não estão lucrando apenas com o que você compra — elas estão lucrando com quem você é. O verdadeiro custo de um bom negócio na Black Friday pode não estar no preço, mas na privacidade dos dados do consumidor, que geralmente é sacrificada.

Pode ser difícil resistir à conveniência de anúncios personalizados e à emoção de conseguir um bom negócio, mas estar ciente das vantagens e desvantagens permite que você tome decisões alinhadas aos seus valores. Esse desconto vale sua privacidade? Como consumidores, temos o poder de exigir melhores práticas de dados das empresas, apoiar aqueles que respeitam nossa privacidade e moldar o futuro da coleta e uso de dados. O verdadeiro negócio na Black Friday pode ser aquele que não lhe custe suas informações pessoais.

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